Um diagnóstico de câncer pode afetar a saúde emocional de pacientes, familiares e cuidadores. Os sentimentos comuns durante esta experiência de mudança de vida incluem ansiedade, angústia e depressão. As funções em casa, na escola e no trabalho podem ser afetadas. É importante reconhecer essas mudanças e buscar ajuda quando necessário.
A Sociedade Americana de Câncer (American Cancer Society) preparou um guia com as principais mudanças emocionais, de saúde mental e de humor em pacientes oncológicos. A equipe RICO traduziu e adaptou este material para os seus pacientes. Confira:
ANSIEDADE (a sugestão é que, a partir desta parte, os textos sejam suprimidos. ou seja, a pessoa deve apertar no título, como “ANSIEDADE”, por exemplo, para aparecer o texto, economizando, assim, espaço na página)
Ansiedade significa sentir-se desconfortável, preocupado ou assustado com uma situação real ou possível. É importante reconhecer a ansiedade e tomar medidas para controlá-la ou evitar que piore.
Ansiedade geral
Em geral, a ansiedade é um problema comum em pacientes com diagnóstico de câncer. Em diferentes momentos durante o tratamento e a recuperação, os pacientes com câncer, assim como seus familiares e cuidadores podem sentir medo e ansiedade. Simplesmente encontrar um caroço ou possível outro sinal ou sintoma de câncer pode causar ansiedade e medo, além de descobrir que eles têm câncer ou que o câncer voltou. O medo do tratamento, das consultas médicas e dos exames também pode causar apreensão (a sensação de que algo ruim vai acontecer).
Sintomas
É normal sentir medo quando você está doente. As pessoas podem ter medo da dor descontrolada, da morte ou do que acontece após a morte, incluindo o que pode acontecer aos entes queridos. E, novamente, esses mesmos sentimentos podem ser vivenciados por familiares e amigos. Os sinais e sintomas de ansiedade incluem:
O que o paciente e o cuidador podem fazer
Pacientes com câncer e cuidadores podem apresentar sinais e sintomas de ansiedade. Os sinais e sintomas podem ser mais graves se ocorrerem na maior parte do dia, quase todos os dias, e interferirem nas atividades diárias. Nestes casos, um encaminhamento para avaliação de saúde mental pode ser útil.
Lembre-se de que às vezes, apesar de apresentar todos os sintomas, a pessoa pode negar ter esses sentimentos. Mas se estiverem dispostos a admitir que se sentem angustiados ou desconfortáveis, a terapia muitas vezes pode ajudar.
O que não fazer
Converse sempre com o médico sobre medicamentos e outros tipos de ajuda.
Ataques de pânico
Os ataques de pânico podem ser um sintoma alarmante de ansiedade. Os ataques de pânico acontecem muito repentinamente e geralmente atingem o pior em cerca de 10 minutos. A pessoa pode parecer bem entre os ataques, mas geralmente tem muito medo de que eles aconteçam novamente.
Possíveis sintomas
*Se uma pessoa apresentar algum dos primeiros 5 sintomas (marcados com *), isso pode significar uma condição urgente ou com risco de morte. A recomendação é procurar o serviço de saúde imediatamente se alguém inesperadamente tiver algum destes sintomas.
Esses sintomas também podem ser sinais de outros problemas mais sérios, como choque, ataque cardíaco, desequilíbrio da química do sangue, colapso pulmonar, reação alérgica ou outros. Não é seguro presumir que estejam relacionados ao pânico até que sejam diagnosticados por um médico.
Se a pessoa já teve ataques de pânico no passado e isso acontece novamente exatamente como antes, muitas vezes ela pode reconhecê-lo como um ataque de pânico.
Se a pessoa se recuperar completamente em poucos minutos e não apresentar mais sintomas, é mais provável que tenha sido um ataque de pânico. Se os ataques de pânico forem diagnosticados por um médico, uma terapia breve e medicamentos podem ser úteis.
O que um cuidador pode fazer?
Coisas para não fazer
DEPRESSÃO
Sentimentos de depressão são comuns quando pacientes e familiares enfrentam o câncer. É normal sentir tristeza e pesar. Sonhos, planos e o futuro podem parecer incertos. Mas se uma pessoa está triste há muito tempo ou tem dificuldade para realizar as atividades do cotidiano, há motivos para preocupação.
A depressão pode ser leve e temporária com períodos de tristeza, mas também pode ser mais grave e duradoura. O tipo mais grave costuma ser chamado de depressão maior ou depressão clínica.
A depressão grave ou clínica torna difícil para uma pessoa funcionar e seguir os planos de tratamento. Acontece em cerca de uma em cada quatro pessoas com câncer, mas pode ser controlada. Pessoas que já tiveram depressão antes têm maior probabilidade de ter depressão após o diagnóstico de câncer.
Quando suspeitar
Familiares e amigos que percebem sinais e sintomas de depressão podem incentivar a pessoa a procurar ajuda. Às vezes, os sintomas de ansiedade ou angústia podem acompanhar a depressão. Aqui estão alguns sinais e sintomas que podem significar que é necessária ajuda profissional para a depressão:
Alguns problemas físicos, como cansaço, falta de apetite e alterações no sono, também podem ser efeitos colaterais do tratamento do câncer e podem persistir após o término do tratamento. Pergunte à equipe multidisciplinar que lhe acompanha sobre as possíveis causas desses sintomas e se a depressão pode ser um fator.
Gerenciando a depressão
O manejo da depressão em pessoas com câncer pode incluir psicoterapia, medicação ou uma combinação de ambos e, às vezes, outros tratamentos especializados. Esses tratamentos melhoram a depressão, diminuem o sofrimento e ajudam a pessoa com câncer a ter melhor qualidade de vida.
O que o paciente pode fazer
O que os cuidadores podem fazer
Ligue para o profissional de saúde mental ou para a equipe de tratamento do câncer se o paciente:
ANGÚSTIA
Pessoas com câncer, assim como seus amigos e familiares, podem sentir-se angustiados após o diagnóstico de câncer. A angústia pode ser demonstrada de diferentes maneiras. Quando o câncer é tratado ou à medida que as situações mudam, aprender a lidar com a situação pode ser difícil. É importante saber quando e onde obter ajuda e suporte.
O que é angústia?
A palavra angústia tem muitos significados. A angústia é uma emoção, sentimento, pensamento, condição ou comportamento desagradável.
A angústia pode afetar a maneira como você pensa, sente ou age e pode dificultar o enfrentamento do câncer, além de lidar com os sintomas, o tratamento e os efeitos colaterais.
A literatura tem demonstrado que o sofrimento também pode afetar a forma como você toma decisões e age em relação à saúde. Você pode ter dificuldade para se concentrar nas decisões de tratamento, marcar consultas de acompanhamento ou até mesmo tomar medicamentos importantes para o seu tratamento.
As pessoas podem descrever a angústia como sentimentos. Os mais comuns são:
Quando a angústia é normal?
Uma certa angústia é normal quando você ou um ente querido tem câncer. Há muitas coisas que de repente parecem incertas. Na verdade, tudo relacionado a ter câncer é estressante. Confira alguns exemplos de angústia relacionada ao câncer:
Certos momentos durante o tratamento ou partes da experiência do câncer podem causar mais sofrimento do que outros. Estas situações podem incluir:
Quando o sofrimento é mais sério?
Às vezes, a angústia pode passar de um nível esperado para um nível que interfere no tratamento, dificulta seu funcionamento ou enfrentamento e afeta todas as partes da sua vida. Em alguns casos, uma pessoa com sofrimento pode ter problemas para dormir, comer ou se concentrar. Alguns podem ter pensamentos frequentes de doença e morte.
Sinais e sintomas de sofrimento mais grave:
Outras questões, mesmo as do passado, podem aumentar o risco de sofrimento e sinalizar a necessidade de ajuda. Por exemplo, o sofrimento pode aumentar se tiver efeitos secundários não controlados relacionados com câncer, outras doenças graves, problemas financeiros, acesso limitado a cuidados de saúde, problemas de transporte, crianças pequenas em casa ou barreiras linguísticas. Estudos também mostram que as mulheres correm um risco maior de sofrimento, assim como as pessoas que foram abusadas física ou sexualmente no passado, ou que têm histórico de transtorno mental ou abuso de álcool e outras drogas.
O que o paciente e o cuidador podem fazer
Sua primeira linha de defesa para lidar com o sofrimento é ter uma equipe multidisciplinar de tratamento do câncer com a qual você se sinta seguro.
Mesmo que você ache que seus sentimentos e pensamentos são “pequenos” ou “insignificantes”, converse com eles sobre como você se sente. Eles podem orientá-lo para a ajuda que você precisa. Lembre-se de que eles estão tratando VOCÊ, não apenas o câncer, e contam com você para contar como você está e o que está sentindo. Lembre-se, ninguém pode fazer isso, exceto você.
Se você é um ente querido ou cuidador que está se sentindo angustiado, não há problema em informar a equipe de tratamento do câncer que você precisa de ajuda. Embora a maior parte da informação aqui possa parecer dirigida à pessoa com câncer, também pode ser útil para os seus entes queridos e cuidadores. Estas pessoas são uma forte fonte de apoio e o seu bem-estar também é importante.
Ferramentas para ajudar a medir o sofrimento
Às vezes é difícil falar sobre sofrimento de uma forma que ajude a equipe de tratamento do câncer a entender o quanto você está sofrendo e como isso o está afetando.
Triagem de socorro
Provavelmente você já foi solicitado a fornecer um nível de dor com base em uma escala de 0 a 10 durante consultas médicas e hospitalares. Geralmente lhe perguntam: “Como está sua dor agora em uma escala de 0 a 10, sendo 0 nenhuma dor e 10 a pior dor que você pode imaginar?” Esta é uma maneira útil de medir a dor. Uma pontuação acima de 5 geralmente é um sinal de dor significativa e indica à equipe de saúde que o paciente precisa de mais ajuda para controlá-la.
Algumas equipes de tratamento do câncer medem o sofrimento da mesma forma, utilizando uma escala de 0 a 10. Um termômetro comum usado por muitas equipes de tratamento do câncer é o termômetro de socorro.
Assim como acontece com a escala de dor, você deve escolher um número de 0 a 10 que reflita quanta angústia você sente hoje e quanto você sentiu na semana passada. Dez é o nível mais alto de sofrimento que você pode imaginar e 0 não significa sofrimento. A maioria das pessoas pode usar esta escala para avaliar seu sofrimento de uma forma que ajude a equipe de tratamento do câncer a elaborar estratégias de cuidado. Se sua resposta for 4 ou superior, você provavelmente terá um grau de sofrimento moderado a alto. Seu médico e/ou equipe de tratamento do câncer saberão como manejar a situação.
Essa ferramenta não apenas informa à sua equipe sobre sua saúde emocional, mas também lhe dá a oportunidade de conversar e resolver problemas durante a visita. Pesquisas feitas em clínicas de câncer mostram que até 4 em cada 10 pacientes apresentam níveis significativos de sofrimento. Você não está sozinho em sua angústia.
Outra parte da ferramenta de socorro é a Lista de Problemas, ou uma lista de coisas que podem estar causando seu sofrimento. Para isso, você lê uma lista de problemas comuns e marca os possíveis motivos de sua angústia. Isso ajuda sua equipe de tratamento do câncer a saber onde você pode obter melhor a ajuda necessária. A lista de problemas físicos ajuda você a lembrar daqueles sobre os quais deve contar à equipe de tratamento.
Termômetro do socorro
Você deve circular o número (0-10) que melhor descreve quanto sofrimento você teve durante a semana passada, incluindo o dia atual.
A Lista de Problemas
Você deve marcar NÃO ou SIM para cada problema (físico, emocional, de atividade, familiar, social ou espiritual) que tenha sido a causa de seu sofrimento na semana passada, incluindo os dias atuais. A lista está disponível (em inglês) aqui. (hiperlink para o pdf da American Cancer Society)
Gerenciando a angústia
As pessoas valorizam os cuidados que recebem da sua equipe de tratamento do câncer mas muitos também querem ter um papel ativo na gestão da sua doença. Mas o sofrimento pode ser difícil para algumas pessoas lidarem sozinhas. Não hesite em falar com a equipe de tratamento do câncer quando sentir uma angústia difícil de controlar. Lembre-se de que cada pessoa é diferente e você pode trabalhar com sua equipe de tratamento do câncer para encontrar a melhor ação a ser tomada com base em sua situação.
O que fazer e o que não fazer
Confira algumas dicas de especialistas sobre como lidar com o sofrimento, incluindo recomendações do que pode ser útil (o que fazer) e o que pode ser prejudicial (o que não fazer).
O que fazer
O que não fazer
Outras maneiras de ajudar a gerenciar o sofrimento
Grupos de apoio e aconselhamento
Encontrar e frequentar um grupo de apoio pode ajudar a aliviar sentimentos de angústia, oferecendo apoio e educação aos pacientes e familiares e ajudando a encontrar recursos comunitários. Esses espaços podem ajudar com:
Relaxamento, meditação, terapias criativas
Terapias e atividades que ajudam a relaxar costumam ser úteis para aliviar algumas formas de sofrimento. Isso pode incluir exercícios de relaxamento, ioga, atenção plena, meditação, massagem e imagens guiadas.
Terapias criativas como arte, dança e música também demonstraram ser úteis para pessoas em algumas situações estressantes. A terapia assistida por animais (TAA), também conhecida como terapia com animais de estimação, é outra opção que algumas pessoas podem achar interessante e válida.
Apoio espiritual
Em tempos de crise, muitas pessoas preferem conversar com alguém do seu grupo espiritual ou religioso. Buscar apoio nesses locais pode ser uma boa alternativa nesses momentos, já que uma pessoa com câncer pode passar por um questionamento da sua Fé.
Exercício físico
O exercício físico não é apenas seguro para a maioria das pessoas durante o tratamento do câncer, mas também pode ajudá-lo a se sentir melhor. A Ciência já comprovou que o exercício moderado ajuda no cansaço, na ansiedade, na força muscular e na aptidão do coração e dos vasos sanguíneos. Até mesmo o exercício leve pode ser útil para se manter o mais saudável possível. Por exemplo, caminhar é uma boa maneira de começar e de continuar se movendo quando você está estressado.
Converse com seu médico sobre seus planos de exercícios antes de começar. Dependendo do seu nível de condicionamento físico, você pode precisar da ajuda de um educador físico e fisioterapeuta para fazer um plano que funcione para você e que seja seguro.
Tenha em mente que, embora o exercício possa ajudar a diminuir os níveis de sofrimento em algumas pessoas, o exercício por si só geralmente não é suficiente para ajudar as pessoas com sofrimento moderado a grave.
Serviços de saúde mental
Os serviços de saúde mental são destinados para diagnóstico e tratamento de pessoas que estão em sofrimento psíquico moderado a grave. Esse tipo de sofrimento pode ser causado por outros problemas emocionais ou psiquiátricos que a pessoa tinha antes da descoberta do câncer. Alguns problemas que podem dificultar o enfrentamento e podem ser agravados pela angústia do câncer incluem:
Os profissionais de saúde mental usam uma variedade de abordagens de psicoterapia para ajudá-lo a lidar com a situação. Frequentemente, eles começam ajudando você a descobrir o que funcionou bem para você no passado. Eles respeitarão o seu estilo de enfrentamento e tentarão ajudá-lo a fortalecê-lo. Eles podem ajudá-lo a compreender como os problemas ou experiências anteriores podem dificultar o tratamento do câncer. Eles também podem lhe ensinar técnicas como relaxamento e meditação para ajudar a controlar o sofrimento.
Medicamentos
Às vezes, é necessário um medicamento para reduzir o sofrimento relacionado ao câncer ou o sofrimento causado por um medicamento para tratar o câncer ou outro sintoma grave. Por exemplo, esteróides podem causar alterações de humor. Medicamentos opióides para dor (como morfina ou fentanil) em doses mais altas podem causar confusão de pensamentos. Podem ser necessários medicamentos para combater esses sintomas.
Você pode trabalhar com sua equipe de tratamento do câncer e com um profissional de saúde mental para decidir se a medicação pode ser útil. Às vezes, medicamentos para tratar a depressão ou para tratar a ansiedade são opções que podem reduzir o sofrimento e ajudar na falta de sono e apetite.
Fonte: American Cancer Society
Dr. Rômulo da Silva Furtado
Cirurgia do Aparelho Digestivo
CRM-PE 22145
RQE: 4432/4433